Professores Eméritos




Goffredo da Silva Telles Junior


Goffredo da Silva Telles Junior foi o autor da famosa e histórica "Carta aos Brasileiros", em 1.977, em plena ditadura militar, que ele leu nas arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco para centenas de estudantes, autoridades e populares. A "Carta aos Brasileiros" foi o documento mais importante, que marcou o processo de abertura política no Brasil. Uma escola de Direito é uma escola de vida. Vida é rítmo e poesia. A Faculdade de Direito de Itu há de ser uma escola de poesia, para que o espírito dos tempos novos, ilumine esta casa.

O batismo da primeira Aula Magna

A Faditu, nestes 47 anos, foi ricamente marcada pela passagem por sua história de grandes nomes do Direito brasileiro. E não podia ser diferente, dado a espécie de batismo com que foi lançada no mundo jurídico. Passadas essas quatro décadas, e o Brasil por testemunha do brilhantismo que envolve o nome Goffredo da Silva Telles Junior, a história da Faditu não poderia ser honrada com melhor batismo.

A cidade toda em festa, e mais de uma centena de jovens estudantes ávidos por integrarem a primeira turma de alunos da tão almejada Faculdade de Direito de Itu. Era a noite do dia 11 de agosto de 1.969 e um já então célebre senhor e mestre foi o próprio encantamento da inauguração do curso que com o passar dos anos viria a transformar milhares de vidas e formar o pensamento jurídico na região. Goffredo da Silva Telles Junior, já a época jurista conceituado, concedeu-nos então a honra de vê-lo inaugurar também a história da Faditu, ministrando sua primeira Aula Magna. Sob a liderança de José Maria Duarte e Orzila Duarte e Sebastião (in memorian) e Maria Lúcia Caselli, que comandam a Organização Sorocabana de Assistência e Cultura (OSAC), era formado o primeiro corpo docente da Faditu.

Numa época em que os Princípios Democráticos de Direito agonizavam pela barbárie da ditadura militar que havia se instalado no país desde 1.964, foi esse brasileiro tão importante também para a história da Faditu, que deu um grito clamando liberdade. Diante de imensa multidão que se aglomerara no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), naquela noite de 8 de agosto de 1.977, o professor Goffredo lê a sua "Carta aos Brasileiros". O evento reunia além de milhares de estudantes, muita gente do povo, grandes personalidades da política, e jornalistas em comemoração ao sesquicentenário da fundação dos cursos jurídicos no Brasil. A leitura desse documento foi o marco decisivo para o início do processo de abertura democrática, anunciada pelo governo militar como haveria de se concretizar, oito anos depois: "lenta e gradual".

Goffredo da Silva Telles Junior tem biografia tão extensa quanto é sua importância para o Direito, a Cultura, as Letras e a Educação brasileiros. Ele nasceu em 1.915 e formou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1.937. De lá para cá, militou como advogado com incursões na política, como deputado constituinte em 1.946, e uma vida dedicada também ao ensino do Direito. Foi vice-diretor da Faculdade de Direito da USP de 1.966 a 1.969. Além de sócio fundador de museus importantes como o Lasar Segall, foi sócio fundador da Academia Paulista de Direito e membro honorário da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Escreveu 14 livros dedicados aos temas fundamentais do Direito, da Filosofia, da Política e da Biologia. Sua obra "A Folha Dobrada" foi premiada pela Academia Brasileira de Letras. Foi pioneiro na denúncia da íntima conexão da Ética com a Biologia, com o seu artigo "O Direito Quântico, de 1.970; e o livro "Ética: do mundo da célula ao mundo dos valores, de 1.978. Premiado e condecorado internacionalmente, como por exemplo com sua nomeação de Sócio Honorário do Real Gabinete Português de Leitura, sua biografia é extensa, tamanha as realizações deste brasileiro em prol do Direito.

Nestes 46 anos, ele foi também um dos dois únicos juristas a receber a distinção de Professor Honoris Causa da Faditu. O outro agraciado com a distinção é o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e ex-aluno da Faditu, Antonio Rigolin. Mas um ponto nesta biografia marcante é pacífico: o professor Goffredo sempre foi lutador incansável pelo Estado de Direito, defensor ardoroso dos Direitos Humanos, das Liberdades Democráticas e dos direitos dos trabalhadores.