
Boas práticas no consumo de alimentos
Consumo consciente de alimentos – comprar, consumir e descartar
No mês anterior, falamos sobre o impacto do desperdício de alimentos, o contexto atual e como isso afeta o meio ambiente e a sociedade. Em termos mais diretos, abordamos também algumas dicas para reduzir esse desperdício desde o momento da compra, até o consumo dentro de casa: comprar somente o necessário, deixar os alimentos mais frescos à vista, utilizar o método FIFO, ler rótulos, se atentar ao armazenamento na geladeira, congelar os alimentos em porções e reaproveitar sobras.
Complementando essa discussão, a ideia desse texto é ser mais prático e abordar outras dicas que podemos adotar no dia a dia ao lidar com alimentos, além daquelas citadas anteriormente. Nesse sentido, é importante ressaltar que o ato de consumo, vai muito além do próprio consumo em si, mas envolve também a compra e o descarte de determinado produto ou serviço. Por isso, no caso dos alimentos, vamos separar em quatro etapas: compra, armazenamento, consumo e descarte.
No momento da compra:
- Planejar o cardápio: listas de compras baseadas em um cardápio semanal, quinzenal ou mensal ajudam tanto a economizar, como evitar compras desnecessárias e desperdícios. Para facilitar, elas podem ser feitas à medida que os itens acabam ou são lembrados, além de economizarem tempo na hora das compras.
- Evitar as compras com fome: a fome é inimiga das compras, afinal, quem nunca foi ao supermercado com fome e acabou comprando mais itens do que o necessário, ou até itens que não deveria? Planejar as compras para evitar esses horários pode ter um impacto maior do que você imagina.
- Prestar atenção aos alimentos perecíveis: são aqueles alimentos que costumam ter um prazo de validade menor. Por isso, o ideal é compra-los em menor quantidade e com uma frequência maior, evitando que estraguem.
- Optar por produtos da estação: produtos da estação são aqueles mais favoráveis de crescer em determinada época, ou seja, necessitam menos recursos para serem produzidos e muitas vezes são vendidos por pequenos produtores. Por conta disso, há maior chance de você adquirir um alimento que vem de regiões mais próximas, que percorreram uma distância menor e, consequentemente, chegam mais frescos, fazendo com que durem mais.
- Comprar alimentos fora do padrão: sabe aqueles alimentos “feios”, “marcados”, diferentes do padrão? Nada mais são do que alimentos que não estão dentro do “padrão estético” estabelecido, mas possuem o mesmo valor nutricional de um alimento esteticamente aceito. Optar por eles é uma escolha consciente, afinal, muitos seriam descartados, configurando desperdício, além de que boa parte dos supermercados vendem os mesmos com desconto, aliviando o bolso.
No armazenamento:
- Utilizar recipientes transparentes: parece simples e pouco efetivo, mas quantas vezes não esquecemos de consumir um alimento simplesmente por que não o vimos? Recipientes transparentes fazem com que seu conteúdo seja visto com mais facilidade, diminuindo as chances daquele alimento ser esquecido, ou até que compremos o mesmo achando que não tínhamos mais.
- Escolher os recipientes adequados: fato é que muitas vezes os alimentos acabam estragando pelo simples equívoco de não serem armazenados adequadamente nas embalagens ou recipientes. Dessa forma, preste atenção ao que indica o fabricante na embalagem, certifique-se de fechá-la bem após abri-la, e utilize também recipientes bem vedados, que irão garantir a conservação do alimento até o seu uso.
No consumo (e preparo):
- Utilizar os alimentos integralmente: não basta só reaproveitar as sobras, é preciso utilizar o alimento em sua totalidade ao preparar uma refeição. Isso inclui sementes, talos, folhas e cascas. O que poucos sabem é que essas partes, conhecidas também como não convencionais, são tão nutritivas quanto as partes que costumamos consumir (ou até mais). Existem inúmeras receitas que ajudam a incluí-las nos preparos e reduzir drasticamente o que será descartado daquele alimento.
- Prestar atenção a sua fome: talvez seja uma das dicas mais comuns, mas colocar no prato somente o que for consumir deveria ser uma regra. Em um contexto onde o desperdício de alimentos alcance números exorbitantes, não faz sentido algum desperdiçar simplesmente por ter o “olho maior que a barriga”, certo? Portanto, preste atenção e, se sentir necessidade, consuma em partes menores, ao invés de preencher o prato uma vez só, e além do que deveria.
No descarte:
- Fazer compostagem: pode parecer complicado ou difícil de implementar num primeiro momento, mas a compostagem está presente tanto em escala industrial, para grandes quantidades de resíduos orgânicos, até dentro de casas e apartamentos. Portanto, vale buscar como montar uma em casa, no condomínio ou iniciativas que recolhem resíduos orgânicos para compostar. Nada melhor do que nutrir o solo devolvendo para o mesmo aquilo que seria descartado em aterros sanitários.
Nem todas as dicas serão implementadas de forma fácil dependendo do contexto de cada um, mas muitas delas são simples e servem de ponto de partida. Com essa visão mais ampla do ato de consumo, podemos repensar nossos comportamentos relacionados à alimentação e conseguir economia financeira, diminuir e/ou evitar o desperdício, aproveitar ao máximo os alimentos e reduzir nosso impacto no meio ambiente. Pequenas atitudes podem trazer inúmeros benefícios, por isso, o importante é colocar em prática.