No último sábado, dia 6 de dezembro, 225 pessoas, representantes de 73 organizações, entre ONGs e movimentos sociais, além de pesquisadores e membros da sociedade civil, de 26 cidades diferentes se reuniram durante o dia para discutir a crise hídrica e a proposta de um plano de emergência para o Estado de São Paulo. Escreveram juntos o Manifesto pela Água de São Paulo, com recomendações urgentes para os diversos níveis de governo.
A programação contou com plenárias e grupos de discussão, que abordaram temas como o direito à água, as relações com agricultura e moradia, a preservação e recuperação dos mananciais e as implicações sócio-ambientais do atual modelo de gestão da água no estado e no país.
Na plenária final do evento, foi aprovada uma carta com recomendações de ações de curto prazo para garantir um plano de contingência que assegure o fornecimento durante a estiagem de 2015 assinadas por todas as organizações.
Entre as recomendações do encontro, destacam-se as principais demandas da sociedade civil:
1)Transparência e participação popular. Em diversas cidades se constatou um mesmo problema: as concessionárias e prefeituras não informam a população sobre a real dimensão do problema e há inúmeros relatos de cortes sem um racionamento anunciado.
2) Combate ao desmatamento e preservação dos mananciais.
3) Que o governo do estado apresente antes do fim do verão um plano de contingência para a época de estiagem em 2015.
Mônica Seixas, do movimento Itu Vai Parar e uma das organizadoras da Assembléia, avaliou que “essa reunião, de um grupo tão plural e de olhares diferentes sobre o problema nos dá uma visão ampla da questão dos pontos de vista social, ambiental e político. Hoje, Itu conseguiu reunir desde as grandes ONGs ambientais, pesquisadores das universidades de São Paulo, Unicamp e a Federal do Rio de Janeiro como os movimentos sociais e de moradia como o Juntos, MST, Advogados Ativistas, MTST e o Levante Popular da Juventude ”.
O evento, que durou 11 horas e aconteceu na Faculdade de Direito de Itu, foi aberto ao público. Maria Isabel Garçon, dona de casa que participou do evento, comentou a necessidade do envolvimento da sociedade civil na questão: “a água envolve e une todos, ricos e pobres, jovens e idosos. E um bem público e essencial. Precisamos participar das decisões sobre ela”
A Carta de Itu servirá como base para a mobilização das organizações e cobra que os agentes públicos e privados garantam um nível seguro para os reservatórios que abastecem as cidades e será encaminhada ao governo do estado de São Paulo.
“Apesar do governo ter anunciado pacotes de obras como solução para a crise hídrica, nós sabemos que, além de caras e demoradas, estas obras não resolvem o fornecimento em 2015 e apenas insistem no modelo predatório de retirada de água sem preservar e recuperar os mananciais”, disse Maru Whately, coordenadora da Aliança pela Água, rede que congrega mais de 40 entidades civis como o Instituto Sócio Ambiental, Greenpace, SOS Mata Atlântica e WWF.
Da assembleia também saiu um acordo de união e calendário de lutas em comum entre as organizações. Está marcado um ato contra o aumento das tarifas de água no dia 17 de dezembro em São Paulo e uma nova assembleia em janeiro para alinhamentos.
Leia mais sobre a Assembléia Estadual da Água e veja a carta de união no site: www.assembleiaaguasp.tk
Conheça as propostas da Aliança pela Água: www.aguasp.com.br
Veja as fotos do evento: https://www.flickr.com/photos/midianinja/sets/72157649645260025/